Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

sábado, 21 de março de 2009

Cartas/crônicas Incompletas sobre a Rua Doutor Dionísio de Magalhães para o João Antônio Garcia, o Jotagê.


(Primeira carta)
João Antônio.
Tua última crônica publicada no jornal A EVOLUÇÃO, foi de uma felicidade incrível, teve a virtude de mexer com a nossa lembrança, deixou bem a mostra que o cordão umbilical que te liga à nossa Terra nunca vai ser cortado. De há muito tu vens escrevendo sobre este tema/saudade e já há bom tempo vens me toureando para que eu também escreva sobre ele. Escrever sobre o tempo da meninice, da adolescência vivida nesta província. Agora, me rendo, não tem como um vivente não entregar os pontos. Há muita coisa para se registrar, se contar... Às vezes, quantas vezes, eu faço as mesmas viagens que tu fazes pela nossa cidade... Pois bem, vamos escolher uma rua, vamos? Pode ser a tua. Quantas coisas antigas na tua antiga rua. Quantas coisas a lembrar num simples passeio que poderia começar na barbearia do Seu Berto e terminar na venda do Dinarte, na Bica, na Fábrica de Café do Didivo, naquele finzinho de rua. Quanta coisa entre estes dois pontos... A meio caminho, a Sete Portas e nela, latejando como um coração, o bar Honra e Glória do Irani, cheinho de chinas (a Negra Maurícia, a Maria Vaca, a Nair Gaveta, a Helena Peluda). Defronte, o Cabaré da Marina, o antigo, o que não nos foi possível conhecer as entranhas, pequenos que éramos. O Bar Meu Cantinho do Alicate e a correspondência e a cumplicidade destes lugares com a Casa de Cômodos do Zé Cavallieri. O Bar da Iracema do Tuca, a barbearia do Couto. A casa do Marta Rocha, sempre sozinha, até hoje sozinha naquela esquina, lembras? E os gansos da Dona Margarida? A Venda do Nestor - um centro comercial - que não sabíamos que existiria um dia, só na nossa imaginação. A casa do Wilson Feijó, o Hotel do Chico Bonneau, residência do Alvim Caminhão. A casa da Dona Coca, a carpintaria do Lauro Surdo, defronte à Casa Alfredo. A casa da Lina, a casa do Seu Paulino e a barbearia do Seu Nito e a venda do Carlos Barulho e a alfaiataria do Seu Hugo e a Voz dos Pampas. A Delegacia de Polícia (o Delegado Herculano), depois Padaria do Fioravante; O Posto de Saúde naquela esquina confronte à casa do Seu Donário, depois do Albino Peter. A Usina, principalmente o pátio da Usina, defronte ao Correio. O Café do Deca, o escritório do Antônio Silva, o Bazar da Dona Negra e a sede do jornal. A Oficina do Antenor e o Posto de gasolina na esquina do Aldírio, teus vizinhos mais próximos. Ah, João Antônio, quanta coisa num pedacinho de rua, na rua da Oficina do Valentim (ou da Loja do Rocco?). Um dia ainda escrevo sobre isto... Um abração, Arnóbio. (cont.)

Segunda Carta
João Antônio.
Escrever sobre a tua Rua foi mexer em vespeiro. Pensava ter esgotado o assunto. Pensava. De certeza a onça da saudade foi cutucada com vara curta. Não haveria de ser a tua Rua apenas uma rua. Tua Rua é um mundo. Um mundo que espera venhas, sempre mais uma vez, para compartilhar, com os mesmos de sempre, a sempre renovada nostalgia. João, tem o tempo em que havia uma oficina de consertos que pertenceu ao cidadão João Jacinto Garcia (teu avô?), lugar onde foi o Armazém Pacífico, defronte à horta do Irani. A venda de Secos e Molhados do velho Martim Sapo, que ficava a menos de cinqüenta passos, em diagonal, da Casa do Pedro Costa, pai do Nero e defronte a tua. O armazém do Horácio, esquina com a Praça, onde chegou a funcionar uma forte casa comercial do Izidro Peres (neste lugar também existiu o restaurante do Otacílio Bichão). Perto, ao lado, o Bazar Arroiograndense e o consultório do Doutor Falcão. A relojoaria do Seu Cesário, irmão da Dona Nita do Zecão Carneiro, ao lado da casa do Gu. O engenho do Seu Davi Costa com aquela chaminé imensa, que até hoje existe e que tocou milhares de ave-marias do Gounod (através dos alto-falantes do Ganso). Todos, ou quase todos, lugares que foram íntimos dos nossos pais, que eu estava deixando, pois, para listá-los numa outra oportunidade, quando voltaria a falar sobre a tua Rua de mais antigamente. Mas, é imperdoável ter esquecido a Padaria do pai do Dandão, no lugar onde funcionou a Loja do Turco Issa; a venda do Branquinho, lá naquela lonjura; a venda do Jaime Rodrigues, penúltima casa da rua (o caixeiro era o Mauro do Cazuza). A última casa da rua, então, era a Padaria Punta del Este, do Efrain, pai do Corvo. Ainda agora a saudade, que é grande, vai me jogando, aos trancos, para novos achados de antigamente: A Churrascaria do Adão da Cizica, vizinha ao Hotel Regente do Vilmar Hackbart. A Voz Rural, com o Sérgio do Venâncio de locutor, e a sapataria do Amândio, pai da Praxedes, defronte àquela pequena pensão familiar onde morou o Laudelino Três Bolas (se não me falha a memória ele era o gerente, no tempo do Gringo da rodoviária). Que mais? O Bar Só Vai, a Pensão da Noêmia do Deca, o Posto Ipiranga defronte à Praça e uma Padaria que foi do Neri Canhada, na esquina da rua do Vinte. Quanta coisa ficou para trás, ainda; quanta coisa faltando para completar esta pequena memória sobre a tua Rua. E sobre as pessoas da tua Rua? (diz o Nelsinho que é a rua que mais tem ou teve músicos, será?). Vem rolo!!! Um abração. Arnóbio. (cont.)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Cartas para o João Antônio

(Terceira Carta)
João Antônio.
Como é bom escrever sobre a nossa cidade, sobre as nossas coisas. Agora mesmo, mais dados sobre a tua Rua de antigamente, a nossa Rua de sempre e que, ao que tudo indica, sempre viveu sob o império das mulheres. Desde os tempos da Chácara da Lina, no início da rua, refúgio onde a molecada de então caçava tico-ticos e pardais, até o último bar inaugurado: o Bar da Rogéria do Ósca (escala do Papaco antes de ir para o Molenguda e encerrar o trago). Na rua, ainda hoje, um dos bares mais fortes do momento é o da Marilda na esquina da rua do Vinte, no mesmo local em que existiu a churrascaria da Sílvia do Élvio. Noutra esquina, foi point (quando a palavra ainda não era aplicada) a Churrascaria da Eni, na chaminé. Nesta rua foi famoso o peixe da Marina. Marina velha de guerra, navio-escola... Bastante afluência teve, também, em certa época, o Bar da Mirta, que ficava lá para as bandas da Cooperativa. Sob a batuta de uma mulher, também, existiu um bar que marcou época e foi do nosso tempo de guri: o da Noêmia do Deca, na esquina da Praça. A Tabacaria da Nanci e, quase defronte, o restaurante da Neli, com o nome de “Progresso”.Teve, também, nesta tua Rua de antigamente a loja da Dona Mosinha, a pensão da Dona Augusta e o já citado, em oportunidade anterior, o bar da Iracema do Tuca. Mais, no mesmo local onde funcionou a autopeças do Professor Romeu, loja que se chamou R.B.Conceição, também abriu sua porta a cigarraria da Armênia. Neste mesmo prédio, já um pouco modificado, está instalada, hoje, a casa de comércio da Neilaci: Loja a Realeza. Quem lembra do Bar do Ademar, depois Bar Formigueiro (primeiro bar do Formigueiro)? No mesmo local chegou a existir o Bar da Oscarina, do Wilson, tudo não muito longe, tudo a menos de uma quadra do bar da Negrona, depois Bar da Idê, na Sete Portas. E o Armazém da Aninha, ao lado da tua casa, e a Loja da Ana Júlia, recentes mas não existindo mais. Pois, João Antônio, para mostrar que as mulheres deixaram marcas na tua Rua de antigamente, não seria justo esquecer o Bazar Arroiograndense, da Dona Negra, defronte à Praça, tão útil que foi, tão saudoso que é. Que mais, que mais coisas ainda dormitam sem que a lembrança as acordem? Quanta coisa ainda na tua Rua de antigamente há de surgir aumentando esta crônica/memória. Decerto, neste capítulo, em que se procurou lembrar as mulheres da tua Rua, mais mulheres foram proprietárias e não foram citadas. Fica para outra oportunidade. Um abração. Arnóbio.

(Quarta Carta)

João Antônio.

A cada amigo que mostro as cartas/crônicas que escrevi para ti recebo emendas e subsídios para complementá-las. Vê só no que deu ter escrito a primeira tão ligeiramente, tão inconseqüentemente. E ter escrito a Segunda, também como se pudesse ser definitiva. Agora, eu não quero escrever nenhuma sem estar cheio de certezas. Não me parece difícil fazer uma pequena memória da nossa cidade, mas, qualquer coisa que venha a ser escrita vai sempre merecer uma reforma. Eu, ao menos, estou gostando das correções que fazem. Uma delas: e a Boïte do Manuel Português que funcionou no prédio acima do Café Marrocos? Ora, não foi ali, então, que se apresentou a famosa Cubanita de Bronze, dançarina que veio diretamente de Porto Alegre para fazer a sua apresentação (sobre esta figurinha hás de encontrar por aí pessoas que tenham conhecido e dela falem para que melhor te situes na grandiosidade do evento aqui ocorrido.. Foi famosa, não sei se mais que a mãe. Sei que faz parte da memória da Capital). Então, falha como essa pode ser perdoada? Ah! Essa tua Rua de antigamente reserva, pois, muitíssimas surpresas, ainda. Assim como foi possível esquecer a boate, esquecida também foi a Loja Renner, do Dirceu Gaitinha, neste mesmo prédio que pertence à Sociedade Agrícola. Depois, existiram muito mais bares nessa tua Rua e estamos tentando resgatá-los do esquecimento.: Por acaso chegou a ser do teu tempo o Armazém dos Três Patetas? Onde mais tarde o Mulita instalou o Restaurante que até há pouco tempo existiu, sempre com mocotó aos domingos (na Nota Fiscal deste restaurante figurava o slogan “Mocotó Levanta Defunto”. Tenho guardada de recordação uma dessas notas). Naquela esquina defronte à Dona Margarida dos Gansos num certo tempo existiu o Bar do Aparício que, mais tarde foi transferido ao seu Carlinhos Cunha. Ao lado, a casa da Dona Menininha: vendia-se lenha. Há menos de cinqüenta metros outro esquecimento: a alfaiataria do Zé Cavalliere (eu apenas havia mencionado a Casa de Cômodos que ele manteve, porém sua profissão correta era esta e ali estava instalado o seu ateliê). E o Balaco? Lá das cercanias do Gravatá do Euzébio, o Balaco mudou-se para onde até hoje mantém uma casa de comércio que não ficou a dever nada para o Bar do Timotéo (vizinho doutro peixe, o da Tia Rosa). Pois é... Eu não ia mais escrever sobre a tua Rua de Antigamente sem antes me cercar de certezas, mas... João Antônio, ainda temos que falar sobre um autinho Renault, azul escuro, que existiu na tua Rua. Um abração. Arnóbio


(Quinta Carta)
João Antônio.
É sempre bom lembrar, amigo, que estas cartas/crônicas que escrevo restringem-se a uma memória da Rua Dr. Dionísio de Magalhães, somente. E, mesmo assim, a cada produção, há um enorme arrolamento de coisas esquecidas. Tua Rua Dr. Dionísio, que quando éramos meninos chamava-se Rua Júlio de Castilhos, vai hoje com mais antigas novidades. Só na quadra da tua casa: A Loja de autopeças do Seu Lerípio, lembras? Na esquina da Praça da Matriz, que também foi propriedade do Seu Ernesto Griep? Chegou a funcionar, ali, um Posto de gasolina, o Neri Canhada era o gerente. Ainda, na mesma quadra, sem ser do nosso tempo, a primeira casa que vendeu gelo, picolés e sorvetes, na cidade, de propriedade do Lauro Hernandez, estava localizada defronte a tua casa, onde hoje mora o Nelsinho. Ainda, quase ao lado da tua casa, existiu a oficina mecânica do seu Antenor, que depois pertenceu ao Lulu. Neste mesmo local, com oficina mecânica, iniciou sua carreira o Marcos, do Seu Esperança Antória. No lugar desta Oficina também foi Loja do Osmar Esteves: representação dos Adubos Trevo, de uma concessionária da marca Aero Willys (carros e camionetas) e de tratores. Muitos jogos de futebol escutamos com o amigo Hélio, que era funcionário desta loja, e morava ali. Neste mesmo lugar foi empregado o Quico, irmão do Osca, que era motorista e trazia os automóveis flamantes que eram vendidos pela loja. Ainda, só para não sair de perto da tua antiga casa, nessa tua antiga rua Dr. Dionísio, nessa mesma quadra, onde foi restaurante do Bichão, existiu o armazém do seu Horácio. No mesmo lugar foi proprietário de armazém o Jandir, tudo bem antes de ali ter sido a primeira loja da Corrida do Ouro. Na outra quadra, poucos metros longe da tua casa, defronte à Praça, ao lado da Loja da Dona Negra, funcionou a relojoaria do Schebella, a primeira. Então, já esquecias? Pois, só nessa quadra da Praça, mais duas relojoarias: a do amigo Walter, atleta do Saci, onde também escutamos muitas partidas de futebol - época anterior ao advento da televisão. Depois, esta relojoaria pertenceu ao Morales. Ainda, defronte à Praça a Casa de Comércio do Seu Diome. Ao lado deste armazém instalou-se, mais tarde, o consultório de dentista do Dr. Jader. Aliás, o outro consultório do Dr. Jader também foi nesta mesma rua, defronte à antiga usina, naquela casa de esquina que já foi Posto de Saúde. Bem, João Antônio, por enquanto é só. Um abração. Arnóbio.

(Sexta Carta)

João Antônio.
Esta é a prometida crônica sobre os músicos da tua Rua. Incompleta - de certeza - e à espera dos amigos para os reparos necessários. Diz o Nelsinho que é a rua em que mais moraram músicos ou pessoas ligadas a esta arte. Pois, vamos lá. Na tua rua morou, onde teve casa de comércio, a Dona Mosinha, que era pianista. Seu filho, de nome Elias, também foi pianista e fundador de um conjunto melódico que foi famoso na década de 60, tinha o nome de Blue Moon. Componente deste conjunto, e também morando na tua rua, o Nenê Balhego, que foi um virtuoso músico: além de ter um ouvido absoluto, tocava com maestria saxofone, clarinete, flauta e violão, além de outros instrumentos. O pai deste músico era o Seu Zé Balhego, irmão do Seu Fiquita, ambos clarinetistas. Perto da casa do Nenê, havia três bons gaiteiros: O Osvaldo Sanfoneiro, o Valnir do Ferreirinha e o Seu Agripino. Vizinho destes últimos seis músicos existiu um grande bandoneonista e tangueiro chamado de Pedro Cego, que morava na Sete Portas. Este não era do nosso tempo mas está na lembrança de muitos. Nesta vizinhança, também morou o Toninho Viana, gaiteiro. Perto, a casa do João Fernando, teu primo, que além de compositor, dono de grupo musical, é cantor, de voz melodiosa. Nestas imediações morou o Gessinho, que foi percursionista no Conjunto Blue Moon, e no Conjunto Flamboyant. Interessante, amigo, que estes músicos acima citados moravam todos não muito longe um do outro, em três quadras contíguas, quiçá a zona da cidade com mais músicos por metros quadrados. Talvez, mesmo, e isto mereceria um estudo mais caprichado, esta fosse a Zona Boêmia do nosso Arroio Grande. Ainda, para os lados do Colégio Dionísio, sempre na tua rua, morou o Hércio Costa, que até hoje toca saxofone e violino. Com este instrumento ele abrilhanta o coro da Igreja Matriz. Lá na esquina da Rua Padre Vilhegas outro gaiteiro: o Barroso, que ali teve a sua empresa por muitos anos. Perto da tua casa, João Antônio, também foi bom violonista, o Seu João, pai do Nelsinho. O Seu João tocava gaita de boca e violão, ao mesmo tempo. Quanta surpresa! Quem diria... E tudo na tua Rua de antigamente. Na pensão da Noêmia, por muitos anos morou um gaiteiro chamado Valpírio. Este, sentava na calçada defronte à Loja do Rocco e tocava gaita que dava gosto. Nesta rua morou o Cardo Peixoto, defronte à Praça. O Binigão, o filho, que é bom violonista e cantor. Mais, o Diretor do jornal Meridional, o professor, compositor e cantor Sidney Bretanha, morou ao lado da Cigarraria do Seu Álvaro. Tem mais... Um abração do Arnóbio.


(Sétima Carta)
João Antônio.
Não sei se nestas linhas vêm mais lembranças ou mais esquecimentos. Em todo caso, vamos ver: Lembras do Bar do Chagas, pai do Lisca, lá onde teve bar o Ademar do Posto de Saúde, defronte à venda do Seu Nestor? Chegaste a conhecer o Bar do Mofio, bem ao lado daquela primeira Bica da Prefeitura? Bica que, mais recentemente, veio para a horta do Irani, defronte à Fábrica de Café e do Depósito de Bebidas do Didivo. Nesta tua Rua, além das já citadas barbearias do Couto, e a do Seu Nito, em tempos idos, existiram as barbearias do Seu Paulino Neves (ao lado da alfaiataria do Seu Hugo – o Januário era alfaiate ou ajudante?) e a barbearia do Seu Emílio Hissé, na esquina da praça, onde existiu o Armazém do Luiz Marques, na casa do Seu Pitorra. Sobre armazéns, é bom lembrar que lá na esquina da Padre Vilhegas, existiram os de propriedade do Seu Fidelino, depois o do Jamir e, mais recentemente, o Armazém Colosso, sempre no mesmo prédio. Defronte a este armazém existiu a outra fábrica de café, Café Arroiograndense, lembras, de propriedade do Seu Arlindo? João Antônio, onde andam os restaurantes da tua Rua? O que fazer com a saudade do Acapulco, na esquina da praça, que marcou época, que recebia artistas, que era atendido pelo amigo Vanderlei? Cláudia Barroso, Kleiton, Kledir, Clébio Sória, Danúbio Gonçalves, Paulo Peres, quantos artistas o maitre Vanderlei cativou... Também, na esquina da praça, onde funcionou o primeiro Colégio Elementar, depois Grupo Escolar “ 20 de Setembro”, foi famoso o restaurante Forninho, ao lado da Lancheria Top Set. Neste prédio, antes do Café Rex, do Xandoca, abria suas portas o Café do Jandir. Por aqui, neste mesmo local, funcionou a churrascaria do Galo, propriedade do Galo Mendes. Na outra esquina, confronte à Usina velha, existiu o Restaurante Quitandinha, no mesmo local onde o Seu Fioravante, pai da Rose Guevara, estabeleceu a Padaria Santos. Ainda nesta rua, no mesmo local onde foi Restaurante do Mulita, funcionou o primeiro Restaurante Dois Irmãos. Estará terminando o rol de coisas antigas nesta tua antiga Rua? Não Acredito, sinceramente. Ainda não falei nos engenhos que existiram na tua Rua, amigo... Não citei nenhum comitê político... Quando falei sobre os relojoeiros, esqueci do Alcindo, defronte à venda do Seu Branquinho. Falei sobre as oficinas e esqueci a do Mário Link. Falei sobre as alfaiatarias e esqueci a do Otacílio. Falei sobre depósitos de bebidas e esquecia o do Anastácio, tão antigo, tão famoso. Por ora, um abração. Arnóbio.


(Oitava Carta)
João Antônio.
Ainda, a Rua Dr. Dionísio de Magalhães. Ela é uma verdadeira caixa de surpresas, um saco sem fundo... Tudo que sobre ela escrevermos há de ser sempre um rascunho, merecerá sempre muitas emendas. Muitíssimas emendas, certamente. Vou misturar, desta vez, coisas mais antigas com coisas mais modernas, vê: Defronte à Praça Matriz, depois de fechar o Restaurante Acapulco, abriu suas portas a Cigarraria Central, estabelecimento que vendia livros, revistas e jornais (a Guiomar era a atendente, quem esqueceu?). E, por esta mesma calçada, onde foi o Bar da Rogéria, antes, havia sido o Bar do Tino. Na esquina da Praça, depois de existir no prédio o Posto de Gasolina, funcionou a Autopeças R.B.Conceição, do Professor Romeu. Antes, neste local existiu a Loja Auto Esporte. Quase ao lado, nesta mesma quadra da tua casa, a Loja Figueiras, revendedora de peças agrícolas, representada pelo Osmar. Existiu, também, nesta tua Rua, a Cigarraria do Eraldo, na casa que foi alfaiataria do Seu Hugo. Adiante, defronte ao pátio da CEEE, a Loja da Ana Notari, depois Loja de R$ 1,99, da Eloísa Bonneau (Parece que foi, aqui, a primeira Loja da Sinaleira). Existiu, também, confronte à CEEE, a Loja de armarinho do Armando Nimer, onde, mais tarde, o Raniere também abriu uma loja. Tudo isto ía ficando para traz, nesta memória da tua Rua, e mais isto, João: na esquina onde estava o alto-falante da Voz dos Pampas, o Seu Davi Costa, em priscas eras, teve um forte armazém com o nome de Casa Guarani. O Felipe, por muitos anos, também, teve, neste mesmo prédio, que fora deste seu tio, um armazém. Lá na Rua Mário Maciel, onde foi barbearia do Seu Berto, recentemente, com prédio novo, instalou-se a Loja Movema, do Vilson. Depois, funcionou no mesmo prédio, sem que eu lembre a ordem, o Bar do Mingau e o Bar do Sérgio Patrício. Mais lá, ou mais cá?, onde foi Bar do Chagas (o atendente também era o Formigueiro), funcionou por muitos anos um açougue do Marino (o Lilia era o cortador de carne). No prédio em que os Alemães tiveram um Mercadinho, na quadra defronte à APAE, também teve, depois da Churrascaria do Adão da Cizica, o Mercado SE, do Santo Araújo. Defronte ao Depósito do Anastácio, onde foi o Bar Só Vai, teve o bar, do Pio e, depois, o do Joãozinho Britto. Outro abração. Arnóbio.

(Nona Carta)

João Antônio.
Esta crônica sobre a tua rua de antigamente sai com um tema delicado: os apelidos das pessoas que por ela caminharam (quando circulavam pelo Centro). Apelidos com tons de saudade, alguns, e, todos, deixando um rastro de lembranças, deixando suas histórias, enternecendo a aldeia, enfim... Hoje, os apelidos com nomes de bichos. Só nome de bicho, por enquanto. Apenas rascunho que te mando e que ainda contará com uma mãozinha do Papaco, do Gralha, de ti, Gordo velho de guerra, de tantos... tudo sem o intuito de causar mágoas. Pois, João Antônio, lembras do Anu, brigadiano? Esse vai puxar a lista. E quem vai fechá-la? Acho que vai ser o Zebu. Alguns dos apelidos tu vais tirar de letra, outros, vão chegar devagarinho, mexendo com a tua lembrança. Aqui, nem todos os apelidos são do teu tempo: Minhoca, Girafa, Sardinha, Jundiá, etc... É gente nova, que não conheces ainda, mas que são familiares e atuais para quem não saiu da terrinha, como eu, como muitos... Manja só a fauna, nesta desprentenciosa galeria, tudo por ordem alfabética, tudo fora de definitividade, é claro (e ainda incompletíssima, já que o que se queira lembrar sobre tua rua nunca há de passar de mera tentativa): Anu, Aranha, Arara, Ariranha, Bagre, Bem-te-vi, Bisango, Bode, Boi, Borrego, Burrico, Burro, Cabrito, Cachorrão, Cadela, Cágado, Calandra, Camarão, Camoatim, Camundongo, Canário, Capincho, Cará, Cardeal, Carneiro, Cascavel, Cascudo, Caturrita, Cavalo, Chimango, Cobrinha, Cocota, Coelho, Cordeiro, Coruja, Corvo, Doninha, Ferrão, Foca, Formiga, Forneira, Franguinho, Fuinha, Furão, Galinha, Galinho, Galo, Gambá, Ganso, Garnizé, Girafa, Gorgulho, Gralha, Grilo, Guanaco, Jacaré, Jacu, Jaú, Javali, Jibóia, Jundiá, Lagartixa, Lagarto, Leão, Lebre, Leitão, Lesma, Loba, Lontra, Macaco, Maçarico, Marimbondo, Marrecão, Marreco, Mico, Minhoca, Miruim, Mosca, Moscão, Mosquito, Mulita, Ovelha, Papagaio, Pardal, Pato, Pavão, Peixe, Perdigão, Periquito, Peru, Pica-Pau, Pingüim, Pintado, Pintinho, Pinto, Pomba, Ponei, Porco, Porquinho, Quati, Quero-Quero, Raposa, Ratão, Ratinho, Rato, Rouxinol, Sapo, Sardinha, Sebinho, Sorro, Tambicu, Tatu, Tico-Tico, Tourão, Tucano, Tuco-Tuco, Vaca, Varejeira, Veado, Vespa, Zangão, Zebra, Zorrilha, Zebu. Vês? Quantos conhecidos já esquecias, quase, e que te levarão a uma viagem ao tempo da tua meninice na tua rua de antigamente. Quantos esqueci, também, nesta listagem que seria mais uma carta/crônica sobre a Dr. Dionísio, antiga Rua Júlio de Castilhos, que já se chamou Rua Riachuelo (nos idos de 20). Rua que nascia na Sanga, quase na boca da Ponte Velha (antiga via Jaguarão-Pelotas), no portão da Hidráulica, hoje Corsan. Na avenida que, antes de se chamar de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande, já foi chamada de Avenida Brasil. Um abração. Arnóbio.

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