Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

DOCA & CIA

Digamos que o tempo voltou atrás e que no próximo sábado haverá um baile no Salão do Doca. Você arriscaria um palpite sobre a quantidade de gente que iria, hoje?... Mas, naqueles idos, seria temerária a pergunta frente à pronta resposta. Na verdade, tudo mudou como muda a água para o vinho. Não há mais bailes do Doca. Para os saudosistas é como gato miar em tapera. Babaus! Foram-se, juntos, na mesma fornada do tempo os bailes do Beca, os do Chico Barros, os do Salvador e os do Tirso, na estrada da Costa do arroio. Vizinhos um do outro. De roldão, foram-se os bailes do Tailor, os da Casa Queimada, os do Diomar, estes na estrada do Herval, na Airosa Galvão, nos pontilhões da Ceguinha e na Divisa, nesta ordem. Os da Granja São Paulo, os do Seu Willi Peter, para os lados do Chasqueiro, e os da estrada das Capoeiras, lá no Lauro Cavalheiro, lá na Granja dos Conceição, lá no Paulo Mello, lá nos dos Mata-Burros, do Seu Pedrinho Nunes. Nunca mais os bailes do João Freitas... Quié deles, Meu Deus?! Como o tempo nos consome... Tenham piedade e não nos levem a mal: não lamentamos a falta que nos fazem, até por que hoje existem muito mais bailes, e melhores que os de antanho. O que lamentamos é este desgaste que o tempo nos legou e não nos entrega enxutos, como éramos, para as picardias. Hoje, somos pura sucatama e carregamos uma enorme saudade dos ardis que usávamos para entrar, sem pagar, nos salões de dança. Imaginem, sem profundidade intelectual, o que era assistir ao Neneco chegar, num Doginho Polara, do ano, no Salão União da Mossidade (letreiro na parede de fundo da copa) do Diomar e abrir a tampa de combustível do gerador que alimentava o som do José Iaks, para despejar um copo de cerveja? E, depois, quase ao ponto de levar uma sova dos músicos, o Felipe se apresentar como mecânico e eletricista? Era o caos total e nós todos lá dentro, por conta do imbroglio provocado. E assistir ao Doca afrouxar a vigilância na cancela do salão? Como? Simples. Para cada estação do ano um ardil. No verão levávamos uma garnisé do João Duarte para gritar até o Doca enlouquecer... Na primavera, roubávamos rosas da Praça para despetalar no portal do salão. Mais loucura... No inverno, bergamotas da Fruteira A Maluquinha, do Sílvio, para espargirmos o soro das cascas nas narinas do Doca ou inteiras, rolando salão a dentro. Loucura Total... Liberação total da cancela do salão... Quando não eram as galinhas que ele pensava estivéssemos roubando, eram as rosas, ou o assalto à quinta. E no outono, para entrar? perguntarão... Ora, para que existe a batata inglesa, cortada ao meio, e um canivete para falsificar o carimbo na mão, ou da senha, se tínhamos o Pachola para levar as almofadas, de tudo que era cor, lá do Tabelionato do Levi?

2 comentários:

Patricia disse...

Que orgulho de "ouvir" sobre as festas do vô Doca tanto tempo depois e de pessoas que participaram de tudo isso!
Obrigada por partilhar parte da história com todos!

Anônimo disse...

Eu como filho participei de tudo isso com muito orgulho, e saudades do meu pai
E ao mesmo tempo fico feliz de ter pessoas que estão resgatando esse tempo bom que não volta mais um forte abraço amigo ARNÓBIO PEREIRA

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