Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Meus Tipos

O Rosalvo Pitanga, negro retinto, como o apodo explica, prestou serviços, por muitos anos, na Wilson & Sons, multinacional inglesa que operava com Barraca em nossa cidade (para os mais novos, as atividades destas barracas consistiam em comprar couros vacuns, pelegos e lã de ovinos denominados de frutos do País). Rosalvo, após desligamento do emprego, ganhou de presente dos ex-colegas uma carroça bem pintadinha, com os letreiros de “Faço Frete”, nas laterais, com a qual se iniciou no ramo de fretes. Assim, passou a ganhar seu sustento, e mais o da sua prole, ali mesmo, defronte à casa que lhe empregara por longos anos, onde faria fretes para a casa de materiais de construção do Andres, que ficava, à época, a bem dizer, porta com porta. Corriam os dias... Diariamente, o Rosalvo estacionava seu veículo na calçada e ali ficava, sempre vigilante, lagarteando ao sol, à espera dos fretes. Certa vez, manhã linda de sol, com a carroça, por um motivo desconhecido estacionada um pouco adiante, à porta da garagem do Jorge Soares, acabou vítima de uma molecagem que ilustra o anedotário da cidade: O Rosalvo Pitanga, encostado na janela da barraca, observava seu veículo. Petiça atrelada, com os corriames ainda em forma, e as letras que anunciavam a sua atividade. Distraído, apreciava o presente ganho e matutava sobre o futuro... Sorria, mostrando a quantidade imensa de dentes que - como dizia o Seu Venâncio - Deus lhe dera por natureza. Foi, assim, que o Jorge, vendo que ele estava meio longe, saiu à porta, quase de costas para ele, como se ninguém estivesse na calçada e se chegou para perto da carroça. Com a mão na testa, como se o sol o atrapalhasse, e simulando dificuldade em ler o que estava escrito na lateral do veículo, soletrou, em voz alta, para que fosse ouvido pelo Pitanga: “Es-ta-ca-rro-ça-é-de-um-vi-a-do. Dito, sem se virar para o lado onde estava o Rosalvo, entrou para sua garagem. Entrou e ficou esperando o efeito da frase que soletrara. Não deu outra. Foi prá já e o Rosalvo, de fininho, subiu na carroça e deitou o cabelo em direção à oficina do Adão Bidiva. Sumiu por coisa de meia hora. Na volta estacionou a carroça no mesmo lugar. Mas, agora, com os letreiros todos borrados e apagados com tinta preta: O Rosalvo Pitanga, por não saber ler, tinha embarcado na gozação do Jorge e tirado o letreiro que, supunha, dizia muito mal do seu estado de feliz carroceiro!!!

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