Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A Rifa

O Dé foi garção, por anos, no Restaurante da Dona Maria Camerini. E, como havéra de ser, muitas vezes, incontáveis vezes abusávamos da sua ingenuidade. Mais, abusávamos da bondade dele. No entanto, diga-se, a bem da verdade, ele também se aproveitava da situação e tirava a sua casquinha. Constantemente, ora apresentando um Livro de Ouro, ora oferecendo uma rifa para ajudar o Clube Guarani, ou fosse promovendo um evento que exaltasse as mulatas - sempre lindíssimas -, ele chegava e dava a facada. Certa feita, hora de almoço no restaurante, ele já tinha vendido vários números de uma rifa e eu estava sentindo que chegava a minha vez de também marchar com um número, sem que me assaltasse uma idéia para fugir da situação. Lá pelas tantas, às escondidas do Dé, perguntei ao Zé Antônio Franco, que na oportunidade tinha a rifa na mão, fazendo seu palpite, se o treze já estava vendido. Estava. Avaliada a informação, antes que chegasse a minha vez de comprar, chamei a atenção do Dé para que ele reservasse o treze para mim, e esperei. Quando a rifa chegou às minhas mãos, enquanto dava a desculpa de que o único número que me servia já estava vendido, li o nome da compradora: Maria do C. Rosado - com o prenome abreviado -, pessoa a quem eu não tinha a mínima idéia de quem fosse. Vendo o nome, tão sugestivamente grifado, perguntei ao Dé, sacanamente, fazendo um gesto de rosquinha com o polegar e o indicador, quem era a compradora que tinha o rosado, que eu gostaria de conhecer. Lembro que fui levando na brincadeira e acabei não comprando nenhum número daquela rifa. Passaram-se os anos... um dia, prestando favor a uma amiga, busquei uma torta de amendoim na casa da Dona Carminha, que morava na esquina da Praça da Matriz. Foi bater na porta e ela, atendendo, olhou-me, surpresa, e lascou: u quê?! Ainda ti animas a pisar no meu portal? - Esqueceste aquela vez que o Dé veio chorando me contar aquela sem-vergonhice tua? -Eu, Dona Carminha?... E ela: - Sujera, no meio de um mundo de gente, lá no restaurante do Caixeiral, mexendo que eu tinha aquilo vermelho?! Ti manda daqui!... Maria do Carmo Rosado, Dona Carminha, número treze naquela rifa... (Depois me queixava que as coisas estouravam sempre em mim...).

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