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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Copas
Para o João Antônio Garcia

- É? Foi desta forma que ele manifestou a sua admiração pelo que ouvia. Custou-lhe muito, com seus dez anos, depois da curiosa explicação, acreditar que na Copa de 1958, nós só vimos o tape ou o replay, seja lá como era chamada a visão documentada daquela jornada esportiva em filme cinematográfico vários meses depois. Verdade, sim. A copa, com a nossa vitória, foi num finzinho de junho daquele ano e nós só fomos ver as jogadas espetaculares do Pelé, do Garrincha, da formiguinha de nome Zagallo, no mês de outubro, três, quatro meses depois da primeira conquista que se deu em solo sueco. Vivíamos a era do rádio, com transmissões precárias, ainda, cheias de ruídos e nos sentíamos felizes pelo privilégio que nos ofertava a tecnologia. Não tínhamos senão o cinema para nos mostrar os lances e jogadas que surpreendiam o mundo quando a bola estava nos pés dos melhores jogadores do mundo. Estávamos, e não sabíamos, nós os ouvintes da radiofonia, aspirando a propriedade dum esporte que viera da Inglaterra cheia de estrangeirismos e que atendia pelo nome de foot- ball. Começávamos a ser donos (embora o Uruguai e a Argentina também quisessem ser) duma modalidade esportiva que emociona hoje esse universo de países praticantes. Foi a partir daquela copa que o linguajar em inglês começou a perder espaço para a moderna nomenclatura do futebol de hoje. Já na nossa segunda conquista, a do Chile, não dizíamos mais a palavra center half, os half direito e esquerdo, o goal keeper, o center forward, e outros nomes denominadores das posições táticas. Assim, raferee já era chamado de árbitro, penalty de penalidade máxima, corner de escanteio, team para time e para os off sides o impedimento. “- É..., deve dar saudade, vô... Acho que vocês eram mais felizes..., comentou.”. Não deu tempo para falarmos do passado da seleção canarinho. O menino, parecendo gente grande, começou a divagar: “- Em compensação – lascou - não existia, como hoje, a Nike com aquele afrontoso bumerangue que as câmeras vivem focando, nem listras da Adidas ou o elástico felino representado no logotipo da Puma...”. Eram tempos difíceis, reconheçamos, mas, certamente, o Feola, o Paulo de Carvalho, os Moreira, escalando a seleção, diferentemente de hoje, em completa liberdade, com os corações esparramados, juntavam onze para ganhar as partidas... Na raça. E sempre. Ainda, nos rádios à válvula, fosse o Cozzi, o Cândido Norberto ou o Ari Barroso, transmitindo os lances que não víamos, também nos poupava das marcas estampadas nos uniformes, nas chuteiras, ou nos out-doors que hoje tiranizam e submetem nossos técnicos e nossos cartolas. Valeu tua observação, Martín. É isso aí.

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