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Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nostalgia

Por acaso, tu lembras que se ouvia muito, desde os alto-falantes do Cine Marabá, aquela música que o Agustín Lara compôs para a Maria Félix? Bem, para a Maria Félix ele compôs muito, mas, a que ainda mexe com a minha lembrança é uma que começa assim: Acuerda-te de Acapulco, Maria Bonita... E por aí vai. Pois essa era a música de chamada do nosso antigo cinema. Ainda hoje, ante a simples lembrança daqueles acordes, dá vontade de perguntar: O teu amor também nasceu naquela sala de projeção? E, foi naquele domingo em que passou o filme Os Dez Mandamentos que ele floresceu? Depois - tempos depois -, entre tão longos filmes tu foi escolher a fita do Bem-Hur, do Spartacus, quem sabe o Rei dos Reis ou Laurence da Arábia, para aplicar o teu primeiro beijo na hoje tua senhora? Só por que eram longas metragens? Cadê a coragem, naqueles tempos, hein? Se tudo aconteceu naquele famoso escurinho da sala, como já apelidaram tal momento mágico, sob o patrocínio dos mais longos e enjoados filmes de então, por que negar? Somos de outra geração onde tudo era tão diferente, verdade? Ah!!! Quem vai se lembrar hoje em dia da dificuldade do primeiro beijo. Só mesmo os saudosistas do Cinema Marabá, como nós. Quem vai precisar de um filme de longa metragem para aplicar um beijo se esse átimo, hoje, dispensa as salas escuras? Se puder ocorrer num tempo menor que o de um comercial de cerveja e se, às vezes pelo que parece, nem é mais num beijo que o namoro começa. Mas que o cinema faz falta em nossa cidade, isso faz. Ao menos para assistir aos bons filmes que passavam naquelas quartas-feiras e que hoje são chamados de Cult. O dono da sala alugava-os para o meio da semana por serem sensivelmente mais baratos. Víamos, assim, graças à sovinice do proprietário, no meio da semana, os bons filmes de Fellini, Dino de Laurentis, Pier Paolo Pasolini, Jean Luc Godard, Ingmar Bergman, Elia Kazan. O fenomenal e inesquecível A Estrada, com Anthony Quinn e Giulietta Masina nos papéis de Zampagnó e Gelsomina passou tão despercebido na tela de uma quarta-feira quanto Noites de Cabíria e Oito e Meio. A Doce Vida - para ficarmos apenas nos filmes do Fellini - passou numa quarta com pouquíssimas pessoas assistindo ao Marcelo Mastroiani e Anita Ekberg na cena do banho na Fontana di Trevi. Mas, vamos deixar isso pra lá, até por que não se namorava muito nas quartas-feiras. Não era dia de beijos, convenhamos, e o escurinho servia mais para a gente bater com os pés quando a fita rebentava e enquanto o Nelsinho emendava o celuloide com acetona para reiniciar a projeção. Chega! Parei. A saudade quando começa a ficar triste vira nostalgia. E não é o caso...

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