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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Gravatá

Perdeu-se no tempo a origem do apelido que lhe deram: Gravatá do Euzébio. Casa noturna que foi ponto de boêmia na nossa juventude. Apenas dizia-se: Vamos pro Gravatá? E, lá, fechávamos a noite dançando com a Maurícia, a Gaveta, a Espada Nua, a Negrona, a Peluda, a Muda, a Maria Vaca, a Farela e outras que não nos vêm na memória, agora. Único lugar na noite onde encontrávamos cigarros Hollyhood, o xodó dos fumantes, por anos a fio, ainda com a marca escrita em letras góticas, bem antes do advento do filtro. No bar, sob um balcão de pedra, havia um poço com água fresca para gelar a Brahma Chopp, cerveja da época. No geral, inverno ou verão, sempre a uma temperatura ambiente, bebia-se, motivados pelo preço, muita cachaça com vermute, num tempo em que ainda não haviam dado com os costados por estas bandas a Cuba Libre e o Samba. No salão, num canto, ao alto, havia uma espécie de gaiola onde ficavam o Filomeno, o Dadinho e o Cláudio Caminhão, os músicos, protegidos das eventuais escaramuças. Na portaria, cobrando a entrada, e também servindo de garçom, o Sencinho, filho do dono da casa. Gerenciando os bailes, o pai, carapinha branca, olhinhos baços, sempre se fazendo de desentendido, eternamente dizendo que não sabia de nada embora nada lhe passasse despercebido. O Gravatá foi palco de inumeráveis brigas patrocinadas pelo Timotéo, Alemão do Julinho, Caco, Alamir, Zé do Julião e outros tantos gigolôs e desordeiros daquele tempo. Brigas entre mulheres encrenqueiras, então... Mortes, também: Duas. A primeira, no meio caminho entre o bar e o salão, numa peça que tinha portas para o quartinho onde o Euzébio sesteava, mataram o Cabo Assis. Quando a polícia chegou ao Salão e perguntou o que acontecera, mesmo com o brigadiano estirado numa grande sangueira, a resposta do Velho foi serena: Não sei meu filho... Foi? Anos mais tarde, quando na porta de entrada o Bidoca matou o Martín Ligeiro, fecharam o peixe para sempre. Contam, nada o Velho sabia nem nada vira naquela noite. Vem daí, por suposto, o costume que é comum na cidade: Apelidar de Euzébio, sempre que alguém desconhece alguma novidade ou incidente. E, somos nós, os antigos daquele tempo, que perpetuamos a lenda de chamar de Euzébio quando alguém se faz de desinformado. Sabiam? Não? 03/10/2011.

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