Não foi só uma vez, nem duas, que o Adão Bidiva ganhou de presente as cabeças de vaca do Seu Lindinho. Sempre que carneavam lá na estância vinha de presente para o Adão a cabeça do animal. Era, então, que ele preparava o braseiro do fogão para usar o forno. Manhã inteira, desde cedo, e a cabeça se aprontando para o final e delicioso deleite. Vai daí, que o importante nesta história é contar, também, os muitos ressentimentos que o presente, embora bem vindo, sempre trazia ao Adão. Assim, isto ocorreu por anos a fio, a cabeça de vaca era entregue sempre pelo Elsi, o capataz, que vinha lá de fora para a cidade especialmente para este fim. Mas - tinha que haver um mas -, o presente chegava sem a língua que, todo mundo sabe, é uma iguaria. Esta, de certeza ficava pelo caminho, fosse por que o doador a aproveitava, fosse por obra do capataz surrupiada em meio ao destino. Mas, como pra burro dado não se olha o pelo, cabeça após cabeça, iam sendo assadas sem a língua, mesmo. Afinal, se aproveitavam outras partes, etecetera e tal e a coisa fluía na sua normalidade. Não se tocava no assunto, e fim. Porém, um dia, o capataz chegou à cidade e, antes da entrega, tendo um contratempo, pediu a um peão que o acompanhava para fazer a entrega do presente mandado pelo Seu Lindinho. O peão, para tirar a sua casquinha resolve, antes de entregar a cabeça ao Adão, tirar também os miolos. Desta feita que contamos, o Adão Bidiva, sentindo que a coisa tinha passado da conta e chegado a um limite insustentável, se emborcou: Podiam levar de volta que assim como o presente vinha ele não mais o queria. Pois, a partir da estrilada do Adão o presente passou a chegar inteirinho, inteirinho, com língua e tudo. Uma verdadeira maravilha. Até hoje, se era obra do doador originário, ou do capataz, ninguém ficou sabendo, mas, como o Adão contava, as queixadas passaram a ser apenas lucro. Puro lucro.Quem sou eu
Al Di Lá
Você se lembra do filme Candelabro Italiano?
sábado, 26 de abril de 2008
Presentes
Não foi só uma vez, nem duas, que o Adão Bidiva ganhou de presente as cabeças de vaca do Seu Lindinho. Sempre que carneavam lá na estância vinha de presente para o Adão a cabeça do animal. Era, então, que ele preparava o braseiro do fogão para usar o forno. Manhã inteira, desde cedo, e a cabeça se aprontando para o final e delicioso deleite. Vai daí, que o importante nesta história é contar, também, os muitos ressentimentos que o presente, embora bem vindo, sempre trazia ao Adão. Assim, isto ocorreu por anos a fio, a cabeça de vaca era entregue sempre pelo Elsi, o capataz, que vinha lá de fora para a cidade especialmente para este fim. Mas - tinha que haver um mas -, o presente chegava sem a língua que, todo mundo sabe, é uma iguaria. Esta, de certeza ficava pelo caminho, fosse por que o doador a aproveitava, fosse por obra do capataz surrupiada em meio ao destino. Mas, como pra burro dado não se olha o pelo, cabeça após cabeça, iam sendo assadas sem a língua, mesmo. Afinal, se aproveitavam outras partes, etecetera e tal e a coisa fluía na sua normalidade. Não se tocava no assunto, e fim. Porém, um dia, o capataz chegou à cidade e, antes da entrega, tendo um contratempo, pediu a um peão que o acompanhava para fazer a entrega do presente mandado pelo Seu Lindinho. O peão, para tirar a sua casquinha resolve, antes de entregar a cabeça ao Adão, tirar também os miolos. Desta feita que contamos, o Adão Bidiva, sentindo que a coisa tinha passado da conta e chegado a um limite insustentável, se emborcou: Podiam levar de volta que assim como o presente vinha ele não mais o queria. Pois, a partir da estrilada do Adão o presente passou a chegar inteirinho, inteirinho, com língua e tudo. Uma verdadeira maravilha. Até hoje, se era obra do doador originário, ou do capataz, ninguém ficou sabendo, mas, como o Adão contava, as queixadas passaram a ser apenas lucro. Puro lucro.
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