Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

domingo, 27 de abril de 2008

Redação

Naqueles idos dos anos cinqüenta, do século passado, a nossa Estação Rodoviária estava estabelecida na Avenida Visconde de Mauá. Na esquina onde, até pouco tempo, foi a Livraria da Gia. O concessionário era o Seu Hermógenes, avô do Plínio e o agente o Seu Chico Balbi, pai do Dilermando. Os ônibus tinham como itinerário, quando vinham de Pelotas, em direção a Jaguarão, a estrada que passa pelo Parque Guilhermino Dutra e dobravam numa estradinha que passava onde hoje está a Capela da Santa Casa. Daí, pela Dr. Monteiro até dobrarem na altura onde hoje se encontra a nossa primeira (e única) sinaleira. Uma das empresas se chamava Delgado e a outra a Frederes. A primeira, depois, foi trocada, se não me falha a memória, pela atual Rainha, à época com o nome de Princesa. A Frederes tinha umas limusines, uns baratões, as vans de hoje. A Rainha, de então, teve como motorista, e depois fiscal, o Seu Indalécio. Como eram raros os táxis, ou carros de praça, como eram chamados, havia vários maleiros. Também, não sei se eram poucos os táxis, ou se eram muitas as malas. Mas, para nós, guris, valia a pena ver o Seu Agapito com seu carrinho de mão, o João Barbela com a sua carrocinha e o Alvim Caminhão no muque, mesmo, carregando as bagagens. As partidas para Jaguarão tinham como saída a Rua da Igreja, descendo até a Sanga do Cilinho para alcançar a nossa velha Ponte (que os caminhões de grande calado estão destruindo). Caramba! Por que esta crônica se arrasta, assim, tão preguiçosa e tão parecida com aquelas composições de terceira série primária? Puro rodeio. Rodeio para contar que foi por essa época que a Onila (o nome é fictício, mas é muito parecido) inventou um tratamento médico na vizinha Jaguarão. Dia sim, dia não, lá estava ela, na porta da Estação, aflita, olhando em direção à sinaleira que ainda não existia, esperando o ônibus do Seu Indalécio, já fiscal, dobrar na esquina. Mais esperando o fiscal do que o veículo, diziam. E, se não há exagero na história, contam, um dia, a Onila, toda pintada, empoada, oxigenada e em cima dum sapato de salto dez, pronta para por o pé no estribo e entrar no ônibus, com a passagem na mão, em súplica sincera, pede: - Andalécio, por favor, me bota na frente... O motorista deste ônibus faz dias que me põe atrás eu já ando toda doída. Levou. Si non é vero...

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