Al Di Lá

Você se lembra do filme Candelabro Italiano?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011







Seu Sejanes


O castelhano Sejanes pôs um pequeno cabaré. A filha mais bonita fazia parte do harém e ele tirava vantagem do fato dela estar entre as putas. Tinha ele lá os seus modestos conhecimentos sobre negócios da noite - afinal, nada juntara até então do dinheiro ganho com seu ofício de alambrador – e por isso se arriscava sem piedade no ramo do lenocínio. Conhecia o freguês fazendo associação com o tipo de patrão que ele servia: Gente que vinha dos Conceição tinha dinheiro. Se viesse do lado da Costa, lá dos Bandeiras, na certa vinha pelado. Da zona da Palma, se não viesse da granja dos Helgas havia perigo. Da Serra, então, só vinham os chorões, regateadores, canguinhas... Nesse andor iam o dono e o cabaré quando o Mulita, vindo lá das Cacimbinhas, recém-chegado na cidade, soube destas histórias e procurou passar a perna no Seu Sejanes. Apresentado pelo Chico da Currucha ele conversou muito no cabaré naquela noite. Tomando uma cerveja fresquinha com a melhor percanta – filha do dono, por sinal - garganteava o Mulita como nunca. Passava por guarda-livros duma granja da vargem e lascava falar em trilhadeiras, tratores, comparsas vindas de Canguçu e Piratini para o corte de arroz. Muitas outras coisas ele dizia sobre a empresa onde prestava seus serviços. E, pelo que segredara o Chico no ouvido do Seu Sejanes, o freguês era um dos melhores salários da Granja Soares & Conceição, firma conceituada à época. Lá pelas tantas, depois de terem dado um tempo para os dois cevarem o inocente comerciante, aparecem o Papaco e o Molho para completar o trio de pícaros. O Chico - leitão vesgo -, fez as apresentações combinadas e abriram mais cervejas por conta do novo empregado lá das bandas das Capoeiras. Já ia a noite se estendendo para o horário em que desligavam o gerador da cidade quando o Mulita se recolheu para um quartinho nos fundos do salão para o instante. Dentro da alcova, luz do lampião já apagada, a quenga, de bico tramado com o pai e dono do puteiro, arranjara a cadeira no cantinho onde os amantes colocavam as roupas. Por uma fresta adrede preparada, mal os casais trocavam as primeiras carícias, ou preliminares, como queiram os leitores, o dono da pensão metia a mão pela fresta e revisava os bolsos dos fregueses para ver às quantas eles vinham de plata e afanar alguma se se enquadrasse. Afinal, além das consumações etílicas, havia o pagamento da mulher e o aluguel do quartinho. Pois, remexe os bolsos daqui, remexe dali, constatando o Seu Sejanes que o Mulita ia aplicar um grande beiço, ainda com as mãos na fresta, sem largar as roupas, resolveu dar um basta, a toda voz: Hija!!!... O sem-vergonha não tem dinheiro! É um baita alarife! Se ele não meteu, não deixa meter...

Um comentário:

Solismar disse...

Fantástico..fantástico, parabéns.

Visitantes

Marcadores